Mercado Bitcoin: O Unicórnio Brasileiro que Desbravou o Mundo das Criptomoedas Antes de Virar Tendência

Criado em 2013 pelos irmãos Gustavo e Maurício Chamati, o Mercado Bitcoin alcançou o status de unicórnio em 2021, superando a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado após um investimento de US$ 200 milhões liderado pelo SoftBank.

Por: Paulo Dantas/ Educador Bitcoin

Lançado em outubro de 2008 por Satoshi Nakamoto — um pseudônimo cuja identidade permanece um mistério até hoje —, o Bitcoin ainda era desconhecido no Brasil quando os irmãos Gustavo e Maurício Chamati decidiram apostar na criptomoeda, não como um investimento, mas como uma oportunidade de negócio. Assim, em 2013, nasceu o Mercado Bitcoin, que, em 2021, se tornou o primeiro unicórnio brasileiro do setor cripto após um investimento de US$ 200 milhões liderado pelo SoftBank.

O Mercado Bitcoin começou a lucrar apenas em 2017, impulsionado pela crescente popularidade do Bitcoin e pela consolidação do mercado de criptoativos. No entanto, também enfrentou desafios: em 2022, a empresa reduziu sua equipe devido ao impacto do cenário econômico global, marcado pela alta dos juros e a inflação acelerada.

Em 2019, os irmãos Gustavo e Maurício Chamati deixaram a gestão do Mercado Bitcoin, assumindo posições no conselho da holding controladora, a 2TM, que também ajudaram a fundar. Atualmente, a empresa é liderada pelo CEO Reinaldo Rabelo. Confira a seguir a trajetória desse unicórnio brasileiro.

Primeiros anos: “Ninguém sabia o que era bitcoin”

Formado em Administração, Gustavo sempre teve o desejo de empreender, algo que começou a cultivar ainda na faculdade. Durante anos, ele pesquisou mercados e oportunidades, até se deparar com uma tecnologia promissora, capaz de transformar o setor financeiro: o Bitcoin. A descoberta aconteceu ao folhear uma revista, como contou à Época NEGÓCIOS em 2021: “Na época, nem entendia o conceito de moeda digital, mas a curiosidade me levou a estudar o assunto.”

O potencial revolucionário do Bitcoin logo chamou sua atenção. Gustavo percebeu que a tecnologia resolvia um problema inédito: a posse e transmissão de propriedades digitais, um conceito que se tornaria a base para as inovações em blockchain e criptoativos.

Com essa visão, ele e seu irmão Maurício reuniram uma pequena equipe — com menos de dez integrantes — disposta a explorar e aprender sobre a tecnologia do zero. ‘Precisávamos de pessoas autodidatas, capazes de entender a tecnologia por conta própria. Esse foi nosso maior desafio’, relembra Gustavo. Como pioneiros, o grupo não tinha referências ou apoio externo e precisou confiar no próprio julgamento para tomar decisões e construir o negócio.

Boom de 2017

Em 2017, o Bitcoin experimentou uma valorização meteórica, conquistando reconhecimento global. Aproveitando o momento, a startup Mercado Bitcoin cresceu de forma impressionante, aumentando sua equipe de 8 para 90 colaboradores em apenas um ano. Além disso, registrou um crescimento de 60 vezes em faturamento, número de clientes e volume de negócios. “Estávamos bem posicionados e soubemos escalar”, relembra Gustavo.

Porém, a expansão acelerada trouxe desafios significativos. Gustavo descreve o período como uma “loucura”, com contratações tão rápidas que mal havia tempo para treinar os novos colaboradores, especialmente na área de tecnologia. “Realizávamos o processo seletivo no domingo e o contratado começava na segunda-feira”, conta. “O aprendizado era prático, crescemos de forma desordenada e sem tempo para planejar”, admite.

A estabilização só veio em 2018, e, em 2019, Gustavo e Maurício deixaram a liderança operacional para integrar o conselho de administração da 2TM, holding que fundaram para gerir o negócio. Hoje, a 2TM também controla outras empresas, como Meubank, Bitrust, MBDA, Clearbook, MezaPro, Blockchain Academy e ParMais.

Operação impulsionada por investimentos estratégicos

Em julho de 2021, o Mercado Bitcoin recebeu seu maior investimento externo até então: o SoftBank aportou US$ 200 milhões, elevando a valuation da startup para US$ 2,1 bilhões e conferindo-lhe o status de unicórnio. Mais tarde, em setembro, a rodada de investimentos foi ampliada com um aporte adicional de US$ 50,3 milhões, contando com a participação dos fundos americanos 10T e Tribe Capital, especializados em blockchain. Também participaram da rodada os investidores brasileiros Traders Club, Pipo Capital e Endeavor, por meio do fundo Scale Up Ventures Fund.

De acordo com informações da plataforma, o Mercado Bitcoin possui mais de 2 milhões de clientes e já negociou mais de R$ 20 bilhões.

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